terça-feira, 23 de outubro de 2012
Assistir Salve Jorge Estreia Primeiro Capitulo Completo 22-10-2012
Salve Jorge Capítulo 1 parte 1(1/3) de Estreia... por canaltvnopc
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Salve Jorge Capítulo 1 parte 3(3/3) Final de... por canaltvnopc
domingo, 17 de junho de 2012
Nova Musica Das Empreguetes MARIA BRASILEIRAS VIDEOCLIP OFFICIAL DA MUSICA E LETRA
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E COREOGRAFIA
terça-feira, 12 de junho de 2012
Projeto Educação em Tempo Integral
O Projeto Educação em Tempo Integral, destinado aos alunos do ensino médio público em Minas Gerais, tem como objetivo ampliar as oportunidades de desenvolvimento educacional. Contando com uma permanência diária de 7 horas na escola, durante 5 dias da semana, cada um dos programas integrantes do projeto, respeitada a sua especificidade, tem como propósitos nucleares o desenvolvimento de habilidades cognitivas e a aquisição de conhecimentos.
A ampliação das oportunidades educacionais, para além dos conteúdos disponibilizados pela grade curricular, contribuirá para uma formação mais qualificada e mais capaz de fazer frente aos desafios postos à escola contemporânea. O campo educacional é componente básico na construção de um mundo mais sustentável, capaz de garantir a consolidação progressiva da justiça e do desenvolvimento social. Através de uma gama de atividades, para além do tempo e espaço oferecidos pela escola, o programa Educação em Tempo Integral constitui-se como um instrumento decisivo para a ampliação dos recursos escolares e para a criação de outras instâncias de formação.
PROJETO EDUCAÇÃO EM TEMPO INTEGRAL
Ação 1: Robótica
Objetivos:
· Incorporar diversas habilidades e capacidades psicomotoras por meio do desenvolvimento de projetos.
· Desenvolver atitudes e habilidades intelectuais complexas.
· Aprender a mobilizar recursos, tomar decisões e ativar esquemas mentais.
· Saber cooperar, agir em sinergia, participar de uma atividade coletiva e partilhar liderança.
Justificativa:
O final do Século XX trouxe a revolução do conhecimento e da tecnologia e, ela, novas exigências pessoais e profissionais. O mundo de hoje necessita mais de pessoas criativas, autônomas e flexíveis do que de especialistas superinformados.
É nessa perspectiva que se pretende proporcionar aos alunos do ensino médio uma proposta de desenvolvimento de novas competências e habilidades, por meio de projetos de robótica que abordem a experiência de aprendizagem mediada, o trabalho em equipe, as habilidades pessoais, a resolução de situações-problema e iniciação científica.
Tempo de duração:
02 horas semanais, durante de 5 meses.
Público alvo:
25 alunos do Ensino Médio.
Custo estimado:
TABELA
PROJETO EDUCAÇÃO EM TEMPO INTEGRAL
Ação 2: Xadrez na escola
Objetivos:
· Desenvolver a capacidade intelectual e do raciocínio lógico;
· Promover a observação, a reflexão e a análise de problemas, bem como a busca de soluções, a socialização, a inclusão e a melhoria do desempenho escolar.
Justificativa:
· O jogo de xadrez é uma atividade que através do tempo, conquistou cultura e costumes de povos e países em todo mundo durante milênios.
· Um estudo feito pelo Ministério da Educação (MEC) mostrou que a prática do xadrez ajuda no desenvolvimento de habilidades cognitivas, como a memória, o raciocínio lógico e a imaginação.
· O xadrez nas escolas é considerado um esporte pedagógico, que auxilia no desenvolvimento das demais disciplinas curriculares e oferece um ambiente ímpar para o desenvolvimento da criatividade, sendo ainda um excelente meio de recreação e de formação do caráter dos jovens.
Tempo de duração:
02 horas semanais, durante 5 meses.
Público alvo:
25 alunos do ensino médio.
Custo estimado:
TABELA
PROJETO EDUCAÇÃO EM TEMPO INTEGRAL
Ação 3: História em quadrinhos (HQ)
Objetivos:
· Criar “ecossistemas comunicativos” nos espaços educativos, que fomentem práticas de socialização e convivência, bem como propiciar o acesso ao uso adequado das tecnologias da informação.
· Desenvolver projetos educativos dentro e fora dos espaços escolares incentivando à comunicação criativa, mediante a utilização de histórias em quadrinhos.
Justificativa:
O quadrinho é uma forma de expressão importante na nossa cultura, participando intensamente do universo da criança e do jovem. Por um lado, é um gênero textual caracterizado pela presença da ação, pela velocidade e simultaneidade de acontecimentos. Ao mesmo tempo, é uma forma de registro que mobiliza relações específicas entre o tempo e o espaço.
As HQs e seus elementos, como personagens e balões, são explorados mundialmente em diversos meios como jornais, revistas, peças publicitárias, televisão e, mais recentemente, Internet. Além de divertir, este formato de texto tem se mostrado uma excelente ferramenta auxiliar na educação, principalmente no aprendizado da língua escrita, como forma de literatura.
Tempo de duração:
03 horas semanais, durante 5 meses.
Público alvo:
25 alunos do Ensino Médio.
Custo estimado:
TABELA
PROJETO EDUCAÇÃO EM TEMPO INTEGRAL
Ação 4: Loucos por conhecimento
Objetivo:
Constituir grupos de estudo, sob a orientação de um professor e três monitores, visando a ampliação do conhecimento em áreas ou temas específicos e o desenvolvimento generalizado de habilidades cognitivas.
Justificativa:
A crescente importância do conhecimento nas sociedades contemporâneas vem tornando cada vez mais importante o desenvolvimento de habilidades cognitivas, seja no sentido de adquirir novos conhecimentos, seja no sentido de aprender a aprender. O currículo escolar, dada a obrigação de obedecer aos parâmetros legais, circunscreve o campo de aprendizado. A constituição de grupos de estudos em temas de escolha da escola, por demanda do alunado, possibilita a formação em áreas não cobertas pelo currículo.
Tempo de duração:
04 horas semanais, durante 4 meses.
Público alvo:
25 alunos do ensino médio.
Custo estimado: R$ 4.400,00
1 Professor orientador: R$ 500,00 mês (R$ 500,00 x 4 meses = R$ 2.000,00)
3 monitores: R$ 200,00 mês (R$ 200,00 x 3 monitores x 4 meses = R$ 2.400,00)
PROJETO EDUCAÇÃO EM TEMPO INTEGRAL
Ação 5: Estudante monitor
Objetivos:
· Selecionar alunos com alto desempenho médio por disciplina para atuarem como monitores.
· Desenvolver o sentimento de compromisso para o desenvolvimento da turma como um todo.
· Incentivar, através do instrumento da monitoria, o desempenho acadêmico.
Justificativa:
Instrumentos de incentivo aos alunos com trajetória escolar de referência constituem uma oportunidade para a irradiação de boas experiências. Ao atuar como monitores, aumentarão o seu sentimento de pertencimento à escola e ao seu projeto político-pedagógico, bem como irão colaborar para uma maior universalização do bom desempenho nas disciplinas.
Tempo de duração:
04 horas semanais por monitor, durante de 5 meses
Público alvo:
2 monitores por turma/disciplina de 40 alunos do Ensino Médio
Custo estimado: R$ 4.500,00
1 professor orientador : R$ 500,00 mês (2 Hs. semanais de orientação)
2 monitores: R$ 200,00 reais mês por monitor (R$ 200,00 x 2 monitores x 10 meses = R$ 4.000,00)
PROJETO EDUCAÇÃO EM TEMPO INTEGRAL
Ação 6 : Minas Olímpica Geração Esporte - SEEJ/SEE
Objetivo:
· Promover a educação integral através do esporte, a partir da oferta de atividades esportivas e modalidades diversificadas
Justificativa:
As atividades contribuem com a formação integral de seus participantes, de acordo com o que fundamenta o Artigo 227 da Constituição Federal e o artigo 4° do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que determina que é dever do Estado, garantir, dentre outros e com absoluta prioridade, o direito da criança e do adolescente à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer e à convivência comunitária.
Tempo de duração:
5 meses, 2 horas diárias em 3 dias semanais
Público Alvo:
25 alunos
Custo estimado:
domingo, 10 de junho de 2012
Entrevista da Xuxa no Fantástico
Uma das apresentadoras de TV mais queridas do Brasil. Uma gaúcha de origem simples, filha de militar, que há mais de 30 anos saiu do subúrbio para o estrelato. Foi modelo e depois virou atriz e cantora. Ficou famosa graças ao seu jeito todo especial de lidar com as crianças. Xuxa, a Rainha dos Baixinhos, todo mundo sabe quem é. Mas agora você vai conhecer Maria da Graça Meneghel. É um depoimento corajoso. Revelador. Emocionante. Aos 49 anos, Xuxa se sente pronta para contar o que viu da vida.
Eu tenho orgulho de dizer que eu sou suburbana, mais até do que ser do interior, eu sou do subúrbio. Quando eu me lembro de Bento Ribeiro, me vem o trem, me vem eu tomando banho de sol na laje. São coisas que não saem da minha cabeça, eu adoro!
Dos cinco irmãos, a minha irmã Sola era um pouco distante de mim, a Mara era muito mandona, o Cira quase não falava comigo. Blad que cuidava de mim o tempo todo.
Eu tenho essas coisas: mãe muito presente, pai não presente. A mãe dando muito carinho. A gente recebia beijo do pai só no Natal e Ano Novo. E o meu pai, que era uma pessoa militar, distante, a gente tinha que chamar de Seu Meneghel. A gente nunca falava ‘pai’, era sempre ‘o senhor quer isso, o senhor quer aquilo’. Faltava quase bater continência para ele.
O começo
Quando estava voltando da ginástica olímpica, um garoto estava sentado do meu lado no trem, ele estava com bastante revista, e eu fiquei olhando. Chegou uma hora e eu falei: ‘Posso olhar uma?’. E minha irmã me olhou com uma cara do tipo: ‘Você vai puxar assunto com um cara que tu nem conhece no trem?’. E aí eu pedi desculpa, mas o cara me mostrou um monte de revista. E eu fiquei lá olhando as revistas, adorei. E aí ele chegou e falou: ‘Você gostaria de ser modelo?’. Eu tinha 15 anos. Eu falei: ‘Não. Não sou bonita. Não sou fotogênica’. Eu desci em Bento Ribeiro e ele me seguiu. Aí fui até emcasa e depois de um tempo ele bateu na porta. Ele mostrou a identidade e disse: ‘Eu trabalho na editora Bloch, mas eu trabalho no arquivo, arquivando revista. ‘Você não tem nenhuma foto que você possa me dar?’. Eu chamei minha mãe e ela disse: ‘Não, ela não quer isso’. E eu falei: ‘Ah, mãe, eu não quero porque todo mundo acha que eu sou feia, mas eu acho que eu quero’. Aí ela perguntou: ‘Você quer?’. Eu sempre gostei de aparecer.
Quando eu comecei a fotografar com 16 anos, foi uma coisa estrondosa. As pessoas começaram a me chamar demais para fazer fotografia. Então com 16, 17 anos eu já sustentava a minha família.
Uma vez, também falar de um trabalho que eu estava fazendo, veio o Maurício Sherman, olhou pra mim e falou: ‘Quer trabalhar em televisão?’. Eu falei: ‘Caraca, como assim trabalhar em televisão?’. ‘Você tem uma coisa de Peter Pan, você tem uma coisa da Marilyn Monroe, tem o sorriso da Doris Day. Eu acho que criança vai gostar’. Eu falei: ‘Mas tem certeza?’.
Os amores Nunca fui muito namoradeira. Me arrependo hoje. Acho que eu deveria ter aproveitado mais. Mas eu chamava atenção mais de homens, dos maiores. E isso me deu muito problema.
Eu tinha 17, fui fazer a capa de uma revista e era ‘Minha liberdade vale ouro’. E ele mandou chamar uma morena, uma loira, uma negra e uma ruiva. Todas vestidas de dourado. A morena era a Luiza (Brunet), a loira era eu. Só que na foto ele (Pelé) virou um pouco mais pra mim, então ele saiu com a mão mais me tocando. E as pessoas queriam saber quem era essa pessoa que ele saiu mais virado. E começaram a falar que a gente estava namorando, e eu não estava namorando ele.
Ele tinha convidado todo mundo para sair depois dessa foto. Na realidade ele gostou foi da Luiza. Mas a Luiza era casada. Aí ele começou a conversar comigo, ligava bastante, queria falar com a minha mãe, mandava flores para minha mãe. E as pessoas começaram a falar cada vez mais. E um dia ele me deu um beijo. Me deu um frio na barriga, aí eu achei que estava gostando dele. E ele foi uma pessoa muito importante pra mim, eu gostei muito dele. Aprendi muita coisa boa, muita coisa ruim. Eu fiquei seis anos com ele. Ouvia muita gente falar que era porque ele era conhecido, ser famoso. Esse foi um dos motivos que eu quis me separar dele logo no início quando eu vi que estava gostando de verdade dele. Pena que eu era muito nova e ele muito conhecido e bem mais velho e não deu valor a isso.
Um dia eu olhei uma revista e estava o Senna numa fazenda. E eu pensei: ‘Olha só, um cara que gosta de bicho que nem eu, um cara com grana que não vai querer minha grana, um cara conhecido que não vai querer se aproveitar de mim, mas já tem namorada’.
E aí demorou uma semana, dez dias, ele ligou para a Globo, para tudo que era lugar, para me procurar. Atendi o telefone e ele disse: ‘Eu quero te conhecer’. E eu não podia falar: ‘Não, não quero’, porque eu tinha falado há pouco tempo, para todo mundo ouvir, que eu queria conhecer o cara. Aí eu falei: ‘Mas eu tenho um show para fazer’. E ele disse: ‘Mas eu vou mandar o meu aviãozinho te buscar’. E eu disse: ‘Eu não ando de aviãozinho porque eu passo mal’. E ele disse: ‘Não fica chateada não, mas eu tenho um avião um pouquinho maior’.
A gente se olhou, em vez de se cumprimentar a gente se tocou. A gente em vez de se beijar, a gente meio que se cheirava. Ele tinha um astral muito diferente. A gente ficou conversando horas e ele falou pra mim: ‘O que você vai fazer amanhã?’. E eu disse: ‘Vou ver minha avó’. Aí ele falou: ‘Vou conhecer a sua avó então’. Ele era muito rápido nessas coisas, mas a gente ficou se falando por uns 15 dias. Falando mesmo, não teve beijo, não teve nada, se conhecendo. Até achei esquisito: ‘Gente, será que ele não está interessado?’, porque eu já estava muito interessada.
Mas quando a gente ficou junto, a gente não se largou, foi um negócio muito doido. Era como se tivesse uma coisa que encaixa de uma maneira tal. Ele gostava das coisas que eu gostava, das mesmas cores, não gostava das frutas que eu também não gostava. Eu sempre gostei de correr e ele sempre gostou de criança. Então se eu fosse homem eu queria ser corredor e ele dizia que se ele fosse mulher ele gostaria de ter a profissão que eu tinha. Então parecia que a gente se completava de uma maneira. Eu estava trabalhando muito e ele trabalhando muito também. Aí eu me separei dele, a gente se separou. A única pessoa que eu pensei realmente em me casar foi com ele. E eu achei que iria reencontrá-lo e que a gente ia ficar junto.
Ele morreu num domingo. No sábado, eu falei assim: ‘Onde é que ele vai correr?, por que eu vou atrás dele’. Aí todo mundo: ‘Mas ele tá namorando’. Eu disse: ‘Eu sei, mas eu vou atrás dele, vou olhar pra ele e vou ver se eu sinto tudo isso que eu acho que eu sinto e se ele ainda sente alguma coisa por mim e a gente vai ficar junto’. Aí no domingo ele foi embora. Tem muita gente que passa nessa vida sem conhecer uma pessoa que se encaixa desse jeito. Se existe a palavra alma gêmea, a minha alma gêmea estava ali na minha frente. Ele tinha tudo que eu queria, até eu desconfiava. ‘Não pode ser, esse cara deve ter lido o que eu gosto de alguém assim’, porque ele fazia tudo que eu queria, ele tinha o cheiro que eu queria. Não pode ter tudo numa pessoa só. Tem que ter defeito, e eu não conseguia. A gente ficou dois anos juntos, um ano e oito meses. Depois a gente se separou e ficou mais dois anos se vendo quase sempre. Um dia a gente vai se encontrar de novo.
O preço da fama Eu não tinha liberdade nenhuma, eu não tive privacidade nenhuma por um bom tempo. Antes de eu entrar em qualquer lugar as pessoas tinham que entrar na frente pra ver se tinha gente embaixo da cama, dentro dos armários e muitas vezes encontravam gente no armário, gente embaixo da cama. Até hoje eu acho que o preço mais alto é isso. Eu não tenho liberdade pra fazer as coisas que eu gostaria de fazer às vezes. Eu não me privo de ir a um shopping, eu não me privo de fazer compras, mas é meio que quase um evento. Às vezes eu atrapalho as pessoas, às vezes as pessoas nas lojas se sentem mal porque muita gente começa a querer entrar, quebrar, arrebentar. Então eu me sinto muito mal com tudo isso. Se eu vou num lugar público, eu acabo atrapalhando, seja o que for. Uma vez o Mickey veio falar comigo, falou que me amava, escreveu, porque eles não podem falar. E foi correndo chamar a Minnie. E minha filha do lado: ‘Pô, mãe, até o Mickey e a Minnie’. ‘Pô, Sasha, desculpa’.
Esse é o preço que eu pago. As pessoas que têm a liberdade de ir e vir e fazer as coisas que eu não posso fazer, não podem viver o que eu vivo, não podem ter o que eu tenho. Então eu aprendi que isso é o preço. Alto, mas eu tenho muita coisa. Porque eu estou exposta a isso, eu vivo isso. Não só aceito, como gosto, como quero. O dia que eu sair e uma criança não olhar pra mim, não quiser falar comigo, eu vou dizer: ‘Opa, tem alguma coisa errada’.
A assessoria do Michael Jackson estava querendo que ele casasse, tivesse filhos. E eles estavam buscando uma pessoa. Nessa época eu estava trabalhando na Espanha. Fui chamada para o show dele. E eu, obviamente como fã dele, era louca por ele, falei: ‘Eu vou ver!’. Tirei foto com ele, essas coisas todas. Ele estava chupando pirulito, eu peguei o pirulito que ele estava chupando e levei que nem fã.
Mas logo depois me chamaram pra ir pra Neverland, as pessoas queriam que eu falasse com ele. Ele sabia tudo da minha vida, ele leu tudo sobre mim. Cheguei lá, fui jantar com ele, a gente viu filme juntos, essas coisas todas.
E depois veio uma proposta do empresário dele: se eu não pensava em de repente ficar com ele. Eu falei: ‘Como assim?’. É porque ele gostaria de ter filhos, casar. E eles achavam muito legal ter essa junção. Uma pessoa que trabalha com criança na América do Sul e ele que gosta de criança. Ele me mostrou só as coisas de criança. Todos os clipes dele. Chorei, obviamente que eu ia chorar. Do lado do Michael Jackson, sentada no cinema, na casa dele. Como eu não ia chorar. Chorei, me debulhei. Ele pegava na minha mão, e quanto mais ele pegava na minha mão mais eu chorava. Pra mim é um ídolo, mas de ídolo pra outra coisa era muito diferente. Então não rolou. Minha resposta, obviamente, foi não. Eu fico com a pessoa que eu me apaixono.
A mulher A coisa mais difícil é o cara me aceitar do jeito que eu sou. Eu sou complicada pra caraca. Eu sou muito independente, eu gosto de fechar a porta do meu carro, gosto de dirigir, não gosto que ninguém pague as minhas contas, eu gosto de liberdade, já que eu tenho tão pouco.
Não abro mão de ficar perto da minha filha por homem nenhum. Meu trabalho está na frente porque também é uma coisa que eu preciso pra poder ajudar todo mundo. Minha fundação depende de mim, minha família depende de mim, minha filha. E eu preciso disso pra me sentir viva, me sentir melhor. Aí eu vou deixando porque talvez um dia esse homem vá aparecer na minha frente, bater na minha porta, como já aconteceu e rolar. E não rola assim. Não existe isso. Não vai ter essa segunda vez. Esse alguém batendo na minha porta e dizendo: ‘Eu sou tudo isso que você quer, estou aqui para você’. Então eu não estou procurando.
Mas às vezes, posso te dizer na boa, corre sangue aqui dentro e hormônio. Isso que é o pior. Esses hormônios é que matam a gente. Eu estava crente que quando eu chegasse aos 50 ia chegar calminha. Que nada! Aí se você me perguntar, eu vou dizer: ‘Faz falta, faz muita falta’. Em quatro paredes, eu dependo muito do cara. Mas até chegar em quatro paredes é que a coisa complica. Quando chega nas quatro paredes, eu e ele, ele e eu, aí eu não penso em mais nada. Não penso em trabalho, não penso em nada, não penso em ninguém. Aí as poucas pessoas que me conhecem dizem assim: ‘Nossa, mas eu não achava que você era assim!’ Por quê? Como eu ia ser? Queria muito saber o que passa na cabeça das pessoas.
O tempo, pra gente que trabalha em televisão, é um pouco cruel. Porque eu canso de falar isso: ‘Nossa como aquela mulher era bonita e ela agora está horrível’. E o tempo faz com a gente, as coisas caem, vão embora, descem. Eu já falei: às vezes dá vontade de dar uma puxadinha, fazer igual minha chuquinha, puxar tudinho, cortar e costurar, mas não dá pra fazer isso. E eu entendo que as pessoas ficam afoitas porque a televisão agora mostra os poros, mostra os detalhes todos. Então as pessoas querem puxar aqui, puxar ali. Fica todo mundo com a mesma cara. Fica todo mundo igual. E eu não quero ter essa cara de tamanco. Então eu vou ficar velhinha e todo mundo vai dizer: ‘Nossa, como ela era e agora olha como ela ficou’.
A luta Quando me chamaram pra fazer a campanha do ‘Não bata, eduque”, que seria para tentar mudar a cabeça das pessoas. E descobri que as crianças que estão na rua, 80% das pessoas que estão nas ruas se prostituindo - a palavra nem seria essa, porque elas não sabem o que estão fazendo -, roubando, se drogando, sofreram algum tipo de abuso dentro de casa. Algum tipo de violência dentro de casa que fez com que ela saísse.
E quando as pessoas começam a me falar sobre as histórias dessas crianças, que muitas vezes isso acontece dentro de casa, ou com o pai, ou com a mãe, ou com o tio ou com o melhor amigo do pai, ou padrasto. Ou seja: alguém muito conhecido dentro de casa que acabou abusando sexualmente dessa criança e ela resolve sair de casa. Mas para ela poder comer ela acaba fazendo isso nas ruas.
Isso me dá um embrulho no estômago porque eu consigo não só me colocar no lugar delas, como eu abracei essas causas todas porque eu vivi isso. Na minha infância até a minha adolescência, até os meus 13 anos de idade foi a última vez.
Pelo fato de eu ser muito grande, chamar a atenção, eu fui abusada, então eu sei o que é. Eu sei o que uma criança sente. A gente sente vergonha, a gente não quer falar sobre isso. A gente acha que a gente é culpada. Eu sempre achei que eu estava fazendo alguma coisa: ou era minha roupa ou era o que eu fazia que chamava a atenção, porque não foi uma pessoa, foram algumas pessoas que fizeram isso. E em situações diferentes, em momentos diferentes da minha vida. Então ao invés de eu falar para as pessoas, eu tinha vergonha, me calava, me sentia mal, me sentia suja, me sentia errada. E se eu não tivesse uma mãe, se eu não tivesse o amor da minha mãe, eu teria ido embora, porque o medo de você ter aquelas sensações de novo, passar por tudo isso, é muito grande. Só que eu não falei pra minha mãe, eu não tinha essa coragem de falar com ela. E a maioria das crianças, dos adolescentes, passa por isso.
Eu não me lembro direito porque eu era muito nova, eu me lembro do cheiro. Tinha cheiro de álcool, tinha cheiro de alguma coisa e eu não sei quem foi. E depois aconteceram muitas vezes. Parou aos 13 anos, quando eu consegui fugir. Agora tem essas coisas que pra mim doem, me machucam, me dão vontade de vomitar. Quando eu lembro que tudo isso aconteceu e eu não pude fazer nada porque eu não sabia, eu não tinha experiência. O que uma criança pode fazer? Eu tinha medo de falar pro meu pai e meu pai achar que era eu que estava fazendo isso. Porque uma das vezes que aconteceu foi com o melhor amigo dele, que queria ser meu padrinho. Eu não podia falar pra minha mãe, porque uma das vezes também foi com um cara que ia casar com a minha avó, mãe dela. Então, a errada era eu. Eu não tinha experiência, não sabia o que era. Professores. Um professor chegou pra mim e disse: ‘Não adianta você falar porque entre a palavra de um professor e de um aluno eles vão acreditar no professor, não no aluno. E até hoje, se você me perguntar por que aconteceu comigo, eu ainda acho que foi por minha culpa. E a gente não pode pensar assim. Porque a criança não tem culpa, a criança não sabe. O cara, o adulto, o homem, a mulher, a pessoa que faz isso com uma criança sabe, mas a criança não.
Talvez eles deveriam ter notado que quando eu não estava falando muito, eu que sou de falar demais, é porque estava acontecendo alguma coisa comigo. Mas na inocência da minha mãe, que casou tão nova e teve cinco filhos, ela não reparou que eu que falava muito, em alguns momentos eu me calava. Por que você acha que eu não consigo casar e ficar muito tempo com uma pessoa? Deve ter uma explicação. Quem sabe não deve ser tudo isso que eu vivi? O fato de eu me achar horrível, me achar feia, e as pessoas falarem: ‘Não, é bonita’. E eu falar: ‘Não, não sou’. Deve ter a ferida ali.
Eu nunca falei pra ninguém porque eu achava que as pessoas iam me olhar diferente. Ou talvez não iam entender. Ou vão entender da maneira delas. Mas eu só queria dizer que eu não entendo muitas vezes porque aconteceu comigo. E porque eu não falei. E por que eu não soube dizer não, eu não sei. Talvez eu tivesse que passar por tudo isso pra hoje eu chegar e dizer: ‘Eu quero lutar por elas’. Eu tenho um sonho de um dia nenhuma criança sofrer nada porque criança é um anjo. Aquele cheiro, que eu gosto de cheirar o pescoço, que tem...
O que eu vi da vida Eu vi o que poucas pessoas puderam ver. Eu senti o que poucas pessoas puderam sentir. Eu vivi o que pouquíssimas pessoas puderam viver. Eu vi o amor verdadeiro através da minha mãe. Eu vi o amor verdadeiro através das crianças. Eu acho que poucas pessoas viram ou viveram isso. E eu vivi um grande amor na minha vida que foi rápido. Porque tudo pra ele era muito rápido, e que poucas pessoas puderam viver e sentir, tão rápido e tão forte. E as outras coisas que eu vi que eu não gostei, parece que eu vi um filme, parece que eu não vivi. Então eu deixo só as coisas boas.
Quando eu comecei a fotografar com 16 anos, foi uma coisa estrondosa. As pessoas começaram a me chamar demais para fazer fotografia. Então com 16, 17 anos eu já sustentava a minha família.
Uma vez, também falar de um trabalho que eu estava fazendo, veio o Maurício Sherman, olhou pra mim e falou: ‘Quer trabalhar em televisão?’. Eu falei: ‘Caraca, como assim trabalhar em televisão?’. ‘Você tem uma coisa de Peter Pan, você tem uma coisa da Marilyn Monroe, tem o sorriso da Doris Day. Eu acho que criança vai gostar’. Eu falei: ‘Mas tem certeza?’.
Os amores Nunca fui muito namoradeira. Me arrependo hoje. Acho que eu deveria ter aproveitado mais. Mas eu chamava atenção mais de homens, dos maiores. E isso me deu muito problema.
Eu tinha 17, fui fazer a capa de uma revista e era ‘Minha liberdade vale ouro’. E ele mandou chamar uma morena, uma loira, uma negra e uma ruiva. Todas vestidas de dourado. A morena era a Luiza (Brunet), a loira era eu. Só que na foto ele (Pelé) virou um pouco mais pra mim, então ele saiu com a mão mais me tocando. E as pessoas queriam saber quem era essa pessoa que ele saiu mais virado. E começaram a falar que a gente estava namorando, e eu não estava namorando ele.
Ele tinha convidado todo mundo para sair depois dessa foto. Na realidade ele gostou foi da Luiza. Mas a Luiza era casada. Aí ele começou a conversar comigo, ligava bastante, queria falar com a minha mãe, mandava flores para minha mãe. E as pessoas começaram a falar cada vez mais. E um dia ele me deu um beijo. Me deu um frio na barriga, aí eu achei que estava gostando dele. E ele foi uma pessoa muito importante pra mim, eu gostei muito dele. Aprendi muita coisa boa, muita coisa ruim. Eu fiquei seis anos com ele. Ouvia muita gente falar que era porque ele era conhecido, ser famoso. Esse foi um dos motivos que eu quis me separar dele logo no início quando eu vi que estava gostando de verdade dele. Pena que eu era muito nova e ele muito conhecido e bem mais velho e não deu valor a isso.
Um dia eu olhei uma revista e estava o Senna numa fazenda. E eu pensei: ‘Olha só, um cara que gosta de bicho que nem eu, um cara com grana que não vai querer minha grana, um cara conhecido que não vai querer se aproveitar de mim, mas já tem namorada’.
E aí demorou uma semana, dez dias, ele ligou para a Globo, para tudo que era lugar, para me procurar. Atendi o telefone e ele disse: ‘Eu quero te conhecer’. E eu não podia falar: ‘Não, não quero’, porque eu tinha falado há pouco tempo, para todo mundo ouvir, que eu queria conhecer o cara. Aí eu falei: ‘Mas eu tenho um show para fazer’. E ele disse: ‘Mas eu vou mandar o meu aviãozinho te buscar’. E eu disse: ‘Eu não ando de aviãozinho porque eu passo mal’. E ele disse: ‘Não fica chateada não, mas eu tenho um avião um pouquinho maior’.
A gente se olhou, em vez de se cumprimentar a gente se tocou. A gente em vez de se beijar, a gente meio que se cheirava. Ele tinha um astral muito diferente. A gente ficou conversando horas e ele falou pra mim: ‘O que você vai fazer amanhã?’. E eu disse: ‘Vou ver minha avó’. Aí ele falou: ‘Vou conhecer a sua avó então’. Ele era muito rápido nessas coisas, mas a gente ficou se falando por uns 15 dias. Falando mesmo, não teve beijo, não teve nada, se conhecendo. Até achei esquisito: ‘Gente, será que ele não está interessado?’, porque eu já estava muito interessada.
Mas quando a gente ficou junto, a gente não se largou, foi um negócio muito doido. Era como se tivesse uma coisa que encaixa de uma maneira tal. Ele gostava das coisas que eu gostava, das mesmas cores, não gostava das frutas que eu também não gostava. Eu sempre gostei de correr e ele sempre gostou de criança. Então se eu fosse homem eu queria ser corredor e ele dizia que se ele fosse mulher ele gostaria de ter a profissão que eu tinha. Então parecia que a gente se completava de uma maneira. Eu estava trabalhando muito e ele trabalhando muito também. Aí eu me separei dele, a gente se separou. A única pessoa que eu pensei realmente em me casar foi com ele. E eu achei que iria reencontrá-lo e que a gente ia ficar junto.
Ele morreu num domingo. No sábado, eu falei assim: ‘Onde é que ele vai correr?, por que eu vou atrás dele’. Aí todo mundo: ‘Mas ele tá namorando’. Eu disse: ‘Eu sei, mas eu vou atrás dele, vou olhar pra ele e vou ver se eu sinto tudo isso que eu acho que eu sinto e se ele ainda sente alguma coisa por mim e a gente vai ficar junto’. Aí no domingo ele foi embora. Tem muita gente que passa nessa vida sem conhecer uma pessoa que se encaixa desse jeito. Se existe a palavra alma gêmea, a minha alma gêmea estava ali na minha frente. Ele tinha tudo que eu queria, até eu desconfiava. ‘Não pode ser, esse cara deve ter lido o que eu gosto de alguém assim’, porque ele fazia tudo que eu queria, ele tinha o cheiro que eu queria. Não pode ter tudo numa pessoa só. Tem que ter defeito, e eu não conseguia. A gente ficou dois anos juntos, um ano e oito meses. Depois a gente se separou e ficou mais dois anos se vendo quase sempre. Um dia a gente vai se encontrar de novo.
O preço da fama Eu não tinha liberdade nenhuma, eu não tive privacidade nenhuma por um bom tempo. Antes de eu entrar em qualquer lugar as pessoas tinham que entrar na frente pra ver se tinha gente embaixo da cama, dentro dos armários e muitas vezes encontravam gente no armário, gente embaixo da cama. Até hoje eu acho que o preço mais alto é isso. Eu não tenho liberdade pra fazer as coisas que eu gostaria de fazer às vezes. Eu não me privo de ir a um shopping, eu não me privo de fazer compras, mas é meio que quase um evento. Às vezes eu atrapalho as pessoas, às vezes as pessoas nas lojas se sentem mal porque muita gente começa a querer entrar, quebrar, arrebentar. Então eu me sinto muito mal com tudo isso. Se eu vou num lugar público, eu acabo atrapalhando, seja o que for. Uma vez o Mickey veio falar comigo, falou que me amava, escreveu, porque eles não podem falar. E foi correndo chamar a Minnie. E minha filha do lado: ‘Pô, mãe, até o Mickey e a Minnie’. ‘Pô, Sasha, desculpa’.
Esse é o preço que eu pago. As pessoas que têm a liberdade de ir e vir e fazer as coisas que eu não posso fazer, não podem viver o que eu vivo, não podem ter o que eu tenho. Então eu aprendi que isso é o preço. Alto, mas eu tenho muita coisa. Porque eu estou exposta a isso, eu vivo isso. Não só aceito, como gosto, como quero. O dia que eu sair e uma criança não olhar pra mim, não quiser falar comigo, eu vou dizer: ‘Opa, tem alguma coisa errada’.
A assessoria do Michael Jackson estava querendo que ele casasse, tivesse filhos. E eles estavam buscando uma pessoa. Nessa época eu estava trabalhando na Espanha. Fui chamada para o show dele. E eu, obviamente como fã dele, era louca por ele, falei: ‘Eu vou ver!’. Tirei foto com ele, essas coisas todas. Ele estava chupando pirulito, eu peguei o pirulito que ele estava chupando e levei que nem fã.
Mas logo depois me chamaram pra ir pra Neverland, as pessoas queriam que eu falasse com ele. Ele sabia tudo da minha vida, ele leu tudo sobre mim. Cheguei lá, fui jantar com ele, a gente viu filme juntos, essas coisas todas.
E depois veio uma proposta do empresário dele: se eu não pensava em de repente ficar com ele. Eu falei: ‘Como assim?’. É porque ele gostaria de ter filhos, casar. E eles achavam muito legal ter essa junção. Uma pessoa que trabalha com criança na América do Sul e ele que gosta de criança. Ele me mostrou só as coisas de criança. Todos os clipes dele. Chorei, obviamente que eu ia chorar. Do lado do Michael Jackson, sentada no cinema, na casa dele. Como eu não ia chorar. Chorei, me debulhei. Ele pegava na minha mão, e quanto mais ele pegava na minha mão mais eu chorava. Pra mim é um ídolo, mas de ídolo pra outra coisa era muito diferente. Então não rolou. Minha resposta, obviamente, foi não. Eu fico com a pessoa que eu me apaixono.
A mulher A coisa mais difícil é o cara me aceitar do jeito que eu sou. Eu sou complicada pra caraca. Eu sou muito independente, eu gosto de fechar a porta do meu carro, gosto de dirigir, não gosto que ninguém pague as minhas contas, eu gosto de liberdade, já que eu tenho tão pouco.
Não abro mão de ficar perto da minha filha por homem nenhum. Meu trabalho está na frente porque também é uma coisa que eu preciso pra poder ajudar todo mundo. Minha fundação depende de mim, minha família depende de mim, minha filha. E eu preciso disso pra me sentir viva, me sentir melhor. Aí eu vou deixando porque talvez um dia esse homem vá aparecer na minha frente, bater na minha porta, como já aconteceu e rolar. E não rola assim. Não existe isso. Não vai ter essa segunda vez. Esse alguém batendo na minha porta e dizendo: ‘Eu sou tudo isso que você quer, estou aqui para você’. Então eu não estou procurando.
Mas às vezes, posso te dizer na boa, corre sangue aqui dentro e hormônio. Isso que é o pior. Esses hormônios é que matam a gente. Eu estava crente que quando eu chegasse aos 50 ia chegar calminha. Que nada! Aí se você me perguntar, eu vou dizer: ‘Faz falta, faz muita falta’. Em quatro paredes, eu dependo muito do cara. Mas até chegar em quatro paredes é que a coisa complica. Quando chega nas quatro paredes, eu e ele, ele e eu, aí eu não penso em mais nada. Não penso em trabalho, não penso em nada, não penso em ninguém. Aí as poucas pessoas que me conhecem dizem assim: ‘Nossa, mas eu não achava que você era assim!’ Por quê? Como eu ia ser? Queria muito saber o que passa na cabeça das pessoas.
O tempo, pra gente que trabalha em televisão, é um pouco cruel. Porque eu canso de falar isso: ‘Nossa como aquela mulher era bonita e ela agora está horrível’. E o tempo faz com a gente, as coisas caem, vão embora, descem. Eu já falei: às vezes dá vontade de dar uma puxadinha, fazer igual minha chuquinha, puxar tudinho, cortar e costurar, mas não dá pra fazer isso. E eu entendo que as pessoas ficam afoitas porque a televisão agora mostra os poros, mostra os detalhes todos. Então as pessoas querem puxar aqui, puxar ali. Fica todo mundo com a mesma cara. Fica todo mundo igual. E eu não quero ter essa cara de tamanco. Então eu vou ficar velhinha e todo mundo vai dizer: ‘Nossa, como ela era e agora olha como ela ficou’.
A luta Quando me chamaram pra fazer a campanha do ‘Não bata, eduque”, que seria para tentar mudar a cabeça das pessoas. E descobri que as crianças que estão na rua, 80% das pessoas que estão nas ruas se prostituindo - a palavra nem seria essa, porque elas não sabem o que estão fazendo -, roubando, se drogando, sofreram algum tipo de abuso dentro de casa. Algum tipo de violência dentro de casa que fez com que ela saísse.
E quando as pessoas começam a me falar sobre as histórias dessas crianças, que muitas vezes isso acontece dentro de casa, ou com o pai, ou com a mãe, ou com o tio ou com o melhor amigo do pai, ou padrasto. Ou seja: alguém muito conhecido dentro de casa que acabou abusando sexualmente dessa criança e ela resolve sair de casa. Mas para ela poder comer ela acaba fazendo isso nas ruas.
Isso me dá um embrulho no estômago porque eu consigo não só me colocar no lugar delas, como eu abracei essas causas todas porque eu vivi isso. Na minha infância até a minha adolescência, até os meus 13 anos de idade foi a última vez.
Pelo fato de eu ser muito grande, chamar a atenção, eu fui abusada, então eu sei o que é. Eu sei o que uma criança sente. A gente sente vergonha, a gente não quer falar sobre isso. A gente acha que a gente é culpada. Eu sempre achei que eu estava fazendo alguma coisa: ou era minha roupa ou era o que eu fazia que chamava a atenção, porque não foi uma pessoa, foram algumas pessoas que fizeram isso. E em situações diferentes, em momentos diferentes da minha vida. Então ao invés de eu falar para as pessoas, eu tinha vergonha, me calava, me sentia mal, me sentia suja, me sentia errada. E se eu não tivesse uma mãe, se eu não tivesse o amor da minha mãe, eu teria ido embora, porque o medo de você ter aquelas sensações de novo, passar por tudo isso, é muito grande. Só que eu não falei pra minha mãe, eu não tinha essa coragem de falar com ela. E a maioria das crianças, dos adolescentes, passa por isso.
Eu não me lembro direito porque eu era muito nova, eu me lembro do cheiro. Tinha cheiro de álcool, tinha cheiro de alguma coisa e eu não sei quem foi. E depois aconteceram muitas vezes. Parou aos 13 anos, quando eu consegui fugir. Agora tem essas coisas que pra mim doem, me machucam, me dão vontade de vomitar. Quando eu lembro que tudo isso aconteceu e eu não pude fazer nada porque eu não sabia, eu não tinha experiência. O que uma criança pode fazer? Eu tinha medo de falar pro meu pai e meu pai achar que era eu que estava fazendo isso. Porque uma das vezes que aconteceu foi com o melhor amigo dele, que queria ser meu padrinho. Eu não podia falar pra minha mãe, porque uma das vezes também foi com um cara que ia casar com a minha avó, mãe dela. Então, a errada era eu. Eu não tinha experiência, não sabia o que era. Professores. Um professor chegou pra mim e disse: ‘Não adianta você falar porque entre a palavra de um professor e de um aluno eles vão acreditar no professor, não no aluno. E até hoje, se você me perguntar por que aconteceu comigo, eu ainda acho que foi por minha culpa. E a gente não pode pensar assim. Porque a criança não tem culpa, a criança não sabe. O cara, o adulto, o homem, a mulher, a pessoa que faz isso com uma criança sabe, mas a criança não.
Talvez eles deveriam ter notado que quando eu não estava falando muito, eu que sou de falar demais, é porque estava acontecendo alguma coisa comigo. Mas na inocência da minha mãe, que casou tão nova e teve cinco filhos, ela não reparou que eu que falava muito, em alguns momentos eu me calava. Por que você acha que eu não consigo casar e ficar muito tempo com uma pessoa? Deve ter uma explicação. Quem sabe não deve ser tudo isso que eu vivi? O fato de eu me achar horrível, me achar feia, e as pessoas falarem: ‘Não, é bonita’. E eu falar: ‘Não, não sou’. Deve ter a ferida ali.
Eu nunca falei pra ninguém porque eu achava que as pessoas iam me olhar diferente. Ou talvez não iam entender. Ou vão entender da maneira delas. Mas eu só queria dizer que eu não entendo muitas vezes porque aconteceu comigo. E porque eu não falei. E por que eu não soube dizer não, eu não sei. Talvez eu tivesse que passar por tudo isso pra hoje eu chegar e dizer: ‘Eu quero lutar por elas’. Eu tenho um sonho de um dia nenhuma criança sofrer nada porque criança é um anjo. Aquele cheiro, que eu gosto de cheirar o pescoço, que tem...
O que eu vi da vida Eu vi o que poucas pessoas puderam ver. Eu senti o que poucas pessoas puderam sentir. Eu vivi o que pouquíssimas pessoas puderam viver. Eu vi o amor verdadeiro através da minha mãe. Eu vi o amor verdadeiro através das crianças. Eu acho que poucas pessoas viram ou viveram isso. E eu vivi um grande amor na minha vida que foi rápido. Porque tudo pra ele era muito rápido, e que poucas pessoas puderam viver e sentir, tão rápido e tão forte. E as outras coisas que eu vi que eu não gostei, parece que eu vi um filme, parece que eu não vivi. Então eu deixo só as coisas boas.
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